quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Vista do Telhado É Mais Bonita - Capítulo 6



Depois de uma semana, Helena apareceu, exatamente ás 21h00, ela se sentou onde sempre ficava, e logo viu o recado que Lony deixou, escrito no telhado, bem ao lado do seu acento improvisado sobre as telhas. E tinha escrito a seguinte frase: “Eu passei a noite aqui, à sua espera, mas você não apareceu, logo hoje que cheguei cedo para passar mais tempo com você, mas tudo bem, eu espero que não demore, eu estarei aqui”. E naquele momento Helena soltou um sorriso, ninguém antes havia gostado da sua companhia, ela estranhava tudo isso, mas isso tudo a deixava feliz.

- Serio mesmo que você não me notou aqui? – perguntou Lony.
Helena levou um susto, e logo ergueu a cabeça que estava baixa lendo o recado. – Que susto que você me deu. – ela riu. – Não, não notei você. Faz tempo que está aqui?
 - Faz uns 30 minutos.
- Não é muito tempo.
- Não.
- Você esteve aqui à semana toda?
- Sim, eu estive.
Por um breve momento Helena ficou surpresa. – Desculpe-me não ter aparecido essa semana.
- Tudo bem. – assentiu Lony. – Mas porque passou uma semana sem vir?
- Foi uma semana complicada sabe. Alguns problemas aqui em casa.
- Os problemas ainda existem?
- Não sei ao certo. Acho que eles sempre vão existir.
- Você quer conversar?
- Melhor não. – Helena pensou por um tempo, em dúvida, com os olhos cheios de lágrimas. – É melhor não. Longa história. Outro dia quem sabe.
- Tudo bem. Mas sempre que precisar conversar estarei aqui.
Helena assentiu e sorriu.
- Obrigada!
- Algo de bom nessa semana?
- Nada de muito interessante.
- Nada mesmo? – Lony insistiu.
- Bem... eu conseguir passar no teste de vôlei.
- Meus parabéns. E o que você fez para passar?
 - Eu me esforcei.
- Viu! Eu disse! Você tem uma qualidade.
- Passar no teste de vôlei é uma qualidade? – perguntou Helena confusa.
- Não. – disse Lony sorrindo. – Se esforçar em algo é uma qualidade.
- Entendi.
Lony percebeu que Helena não estava com cabeça para conversar, estava quieta, então resolveu ir embora. – Eu preciso ir.
- Mas está cedo.
- Eu sei. Mas eu preciso resolver algo. – por mais que Lony não gostasse de mentir ele sabia que precisava ir. Helena estava a ponto de chorar, e ele sabia que ela não queria.
- Tudo bem então.
- Boa noite Helena. – despediu-se Lony.
- Boa noite Lony Stone. – despediu-se Helena baixando a cabeça, para que o Lony não visse a lágrima escorrer.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O Amor é a Forma Mais Sofisticada de Um Suicídio




Disseram-me que eu era louca, por amar demais, mas quer saber de uma coisa, o amor é a forma mais sofisticada de um suicídio, beirando o caminho para encontrar a solidão, ele se vê sozinho no meio da multidão, ele diz que não tem o que pensar, que não tem o que sentir, que queria poder pensar em algo, apenas... ocupar a mente, mas irei te contar um segredo, ele sentiu tudo, ele sabe exatamente o que pensar, em quem pensar, mais ele não quer admitir, ele quer esquecer, mentira, ele não quer esquecer, mais ele sabe que é o melhor, bem, é o que ele acha, mas olha... Isso é segredo, o amor é discreto.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A Vista do Telhado É Mais Bonita. Capítulo 5



É estranha a capacidade dos seres humanos de serem sozinhos. No mundo há tantas pessoas, tantos lugares, tanta coisa, mas as pessoas ainda conseguem se sentirem sozinhas. Serem tristes, sem sorrisos, porque tudo isso? Porque é tão difícil ser feliz? – se perguntou Lony. – já tinha passado das 22h00min, e Helena ainda não tinha aparecido, Lony pensou em ir embora, mas decidiu esperar um pouco mais. Olhou o céu, viu o trânsito das pessoas, analisou pensamentos, e mais uma hora se passou, mas Helena não apareceu. Chegou a hora dele ir embora, ele estranhou ela não ter aparecido, já fizera um mês que ela sempre estava lá, sentada, então ele resolveu deixar um recado, na esperança de vê-la no dia seguinte.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A Vista do Telhado É Mais Bonita - Capítulo 4



“Como a bela adormecida quanto tempo se perdeu sei que o medo ainda existe mais não pode te vencer, responda onde e que de forma tudo começou e qual a hora de acabar, não se prenda nos seus próprios sonhos, mas não deixe de sonhar.”

 - Essa música é um tanto solitária. – disse Lony.

- É. Por isso gosto dela. – respondeu Helena.

- Por quê? Você é solitária como a música? – perguntou Lony.

- Me considero. – respondeu Helena. – Pergunta. Você virá todos os dias aqui?

- Sempre que eu poder. – respondeu Lony. – Por quê? Não posso?

- Pode sim. – respondeu Helena.

- Hum. Agora eu te pergunto. Porque todo dia você está aqui?

- Porque pelo menos em algum momento do dia tenho que me sentir bem.

- Como assim?

- Digamos que minha vida não é muito boa. – respondeu Helena com uma sinceridade no olhar. – Vivo porque já me conformei que o universo me quer aqui. Aqui é o único lugar onde me sinto bem, é calmo, tem uma boa vista, eu posso conversar a sós comigo, e com você agora.

- Há. Interessante. Realmente aqui se tem uma bela vista.

- Sim.

- Mas me conte Helena. Como foi o seu dia? – perguntou Lony.

- Foi normal. – respondeu Helena. – E o seu?

- O meu dia foi lindo. – respondeu Lony com um sorriso no rosto.

- O que teve de tão lindo? – perguntou Helena.

- Hoje andei por lugares lindos. Vi cachoeiras, montanhas, vivi junto com a natureza por um momento.

- Que legal. – disse Helena. – Sabe, tenho muita vontade de conhecer o mundo, viajar para bem longe, só eu e a vida, sem mais ninguém.

- Que legal. É interessante.

- Queria poder começar isso agora, mas espero até eu poder sair de casa, e viver minha vida.

- Você não vive sua vida? – perguntou Lony.

- Não. Vivo a dos meus pais. – respondeu Helena.

- Hum. Outro dia conversamos mais sobre isso, tudo bem? Preciso ir agora. Boa noite garota. – despediu-se Lony.

- Tudo bem. – concordou Helena. – Boa noite para você também.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A Vista do Telhado É Mais Bonita - Capítulo 3



E em apenas duas semanas Lony se acostumou. Ele se encantou, não sei se pelo o sorriso, ou a beleza que Helena sempre negava, talvez fosse seu complexo de inferioridade que chamou a atenção dele. E num terceiro dia, ele não parou para conversar, apenas ficou a observando do seu canto, a noite inteira, até ela ir embora. Mas desde então todos os dias ele estava lá, à sua espera, mas ela passou uma semana sem ir, mas isso não o impedia de todos os dias espera-la, até que um dia ela apareceu, e ele sorriu.

- O que faz aqui? – perguntou Helena

- Estava a sua espera. – respondeu Lony.

- E porque estava a minha espera?

- Porque gostei da sua companhia, de conversar contigo. – respondeu Lony sorrindo.

-Nossa. Tudo bem. – disse Helena meio sem acreditar.

 - É interessante a sua baixa estima.

- Hum. Também acho. – concordou Helena.

- Então como foi o seu dia?

- Você quer mesmo saber como foi meu dia? – indagou Helena

- Sim, eu quero.

- Bem, foi uma merda, fiz uma péssima prova, tive pesadelos ruins, e em casa foi à chatice de sempre.

- Interessante. E foi prova de que? E como são esses pesadelos? – perguntou Lony.

 - A prova foi de história, e meus pesadelos me assustam muito, são sempre em lugares escuros, com pessoas feias, não sei bem explicar.

- Interessante.

- Porque tudo é sempre interessante para você? – perguntou Helena.

- Porque a vida humana é algo interessante.

- Eu não acho, mas tudo bem.

- E só para finalizar as perguntas. Porque em casa é a chatice de sempre? – perguntou Lony.

- Há. Ninguém nessa casa me entende, não gostam de mim, sempre reclamam de algo que eu faço aliás, de tudo.

- Entendo. Porque acha que ninguém gosta de você? – perguntou Lony mais uma vez.

- Não acho, eu tenho certeza. – respondeu Helena. – Você pergunta demais sabia?

- Eu sei. Irei para de perguntar. – respondeu Lony. – Por hoje.

- Que bom preciso dormir. – despediu-se Helena. - Boa noite.

- Boa noite moça interessante. – despediu-se Lony. – E tenha bons sonhos hoje.